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Múltiplas inteligências- Gardner, Howard

A sociedade ocidental sempre enfatizou a inteligência e o desenvolvimento intelectual. Prova disto é o conceito do QI-Quociente Intelectual, que desde o início do século é considerado uma medida respeitável do potencial do indivíduo. Tudo parece ter começado em 1900, quando Alfred Binet, Psicólogo francês, foi chamado para desenvolver uma medida de predição do sucesso escolar de crianças das primeiras séries. Surgiu o Teste de QI e esta moda parisiense logo chegou aos Estados Unidos. O maior entusiasmo com a medida aconteceu na primeira guerra mundial, quando o instrumento foi utilizado para medir a inteligência dos soldados e em seguida, aplicada na população em geral. Aqueles que obtêm pontos acima de 130 são considerados superdotados.



Howard Gardner, professor e pesquisador norte americano, após muitos anos de estudos vêm desafiando a tese da inteligência única, e propôs, inicialmente, a existência de pelo menos sete inteligências. Ele propõe um novo conceito de inteligência: a capacidade para resolver problemas ou elaborar produtos que sejam valorizados pela comunidade. O mesmo acredita que a inteligência tem muitas facetas diferentes, tendo todas igual valor ou prioridade, embora muitas culturas insistam em privilegiar algumas delas.
Na ótica de Gardner, profissões diferentes requerem habilidades específicas, cabendo à escola e à família ajudarem as pessoas a se encaixarem em ocupações adequadas ao seu estilo particular de inteligência. Em sua obra "Inteligências Múltiplas - A teoria na prática", da Editora Artes Médicas, o autor apresenta as seguintes competências:


Inteligência Lógico Matemática

É dentre todas a mais pesquisada e a mais avaliada nos testes de QI. Relaciona-se, por exemplo, à capacidade de manejar habilmente longas cadeias de raciocínio; elaborar perguntas que ninguém fez; conceber problemas e persistir em levá-los adiante.
Albert Einstein


Inteligência Lingüística

Manifesta-se no uso da linguagem verbal; na sensibilidade ao significado das palavras; pela capacidade de seguir regras gramaticais e usar a linguagem para convencer, estimular, transmitir informações ou simplesmente agradar.
Elliot


Inteligência Corporal Cinestésica

Permite resolver problemas e elaborar produtos utilizando o corpo inteiro ou parte dele. Dançarinos, cirurgiões e atletas mostram esta capacidade.
Martha Graham


Inteligência Musical

Destaque dos músicos, cantores, compositores, maestros. É, provavelmente, o talento que surge mais cedo, e mostra relação com muitas outras inteligências, entre elas a lingüística, a matemática e a corporal cinestésica.
Stravinsky


Inteligência Espacial

Permite formar modelos mentais, manobrá-los e operar com eles. Engenheiros, escultores, cirurgiões plásticos, por exemplo, dependem desta inteligência para atuarem com êxito.
Picasso


Inteligência Intrapessoal

É a capacidade de formar um conceito verídico sobre si mesmo. Permite o acesso aos próprios sentimentos, nomear emoções e reorientar o comportamento.
Sigmund Freud


Inteligência Interpessoal

Permite compreender as outras pessoas, entender o que as motiva e como trabalham. Possibilita ainda inferir o estado de ânimo, o temperamento e as intenções do outro. Professores, políticos, terapeutas, por exemplo, dependem muito dela.
Gandhi



Em recente visita ao Brasil, o autor detalhou duas novas descobertas:


"Inteligência" Espiritual Existencial

Responsável pela necessidade do homem fazer perguntas sobre si mesmo, sua origem e seu fim. Está ainda em estudo, sendo considerada uma meia inteligência, por preencher apenas quatro dos oito requisitos avaliados para assegurar a existência da inteligência.
Dalai Lama


Inteligência Naturalista Ecológica

Entender o mundo da natureza. Pessoas com preocupação naturalista são muito preocupadas com as questões da natureza mundial. Essas pessoas apresentam preocupações com a fauna e a flora, encabeçando muitas vezes movimentos de defesa à natureza.
Jacques Cousteau



Todos têm um repertório e uma capacidade próprios para lidar com os diversos tipos de problemas. Cada papel cultural requer uma combinação específica de inteligência. Por exemplo, tocar violino requer tanto a inteligência musical, quanto a corporal cinestésica. A dança demanda as inteligências interpessoal, musical, corporal e cinestésica. Deveriam ser formados especialistas em avaliação - pessoas sensíveis e capazes de compreender as capacidades e os interesses dos alunos. Sua função é expor a pessoa a situações suficientemente complexas, que permitam verificar qual inteligência o indivíduo explora e demonstra maior maestria. É importante, também, que estes especialistas identifiquem, o mais cedo possível, as fraquezas e contribuam para a superação das mesmas. Mais importante que classificar a pessoa é ajudá-la a aperfeiçoar-se.

Inteligência interpessoal


Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade para entender e responder adequadamente a humores, temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas. Ela é mais bem apreciada na observação de psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos.

Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas com a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, com a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos de outros.
O aluno com forte sensibilidade interpessoal jamais esta sozinho, ajuda os colegas mesmo que não peçam ajuda, são os conselheiros da turma, ajudam, se empenham em achar soluções para os problemas pessoais. Geralmente procuram a escola para resolver problema de colegas (ANTUNES, 2001, p.31).

Interpessoal é a inteligência ligada ao outro, onde os problemas desse é mais significativo que os próprios, adoram alegrar as pessoas, são cooperativos, analisam a vida do outro para auxiliar e se interar das suas decisões e contribuir em uma determinada atitude, enfim, exercem atividades que defendem grandes causas para o benefício do outro.

Temos um grande exemplo desta inteligência no pacifista GANDHI que dedicou sua vida à luta contra a violência e opressão de seu povo, de um modo diferente onde a marca desta luta, é a não violência e o respeito à vida do outro. Conseguiu através de sua conduta tornar inimigos em ferrenhos amigos e simpatizantes de sua filosofia.

A luta contra a violência não armada é uma luta interpessoal e uma forma de não cooperação, mas uma não cooperação de forma organizada onde o opressor é contestado em suas atitudes para com o outro.

Se encararmos a morte das criaturas que supostamente nos prejudicam como um dever, se os homens de conhecimento dedicassem seu talento a lidar com elas de outra forma, viveríamos num mundo condizente com a nossa situação de homens, animais dotados com a razão e o poder de optar entre o bem e o mal, certo e errado, violência e não violência, verdade e inverdade (GANDHI, 1982, p. 103).

A interpessoalidade de Gandhi o tornou um dos maiores líderes mundiais, onde lutou por justiça social de forma não violenta, impedindo a opressão dos ingleses contra o seu povo, conseguindo uma autonomia de sua nação, conservando as suas crenças religiosas, sua cultura e acima de tudo sua dignidade e soberania. Mohandas Gandhi conquistou aliados através de suas emoções.

Nesta perspectiva da interpessoalidade cabe ao professor o conhecimento do aspecto cognitivo de seus alunos, pois esta inteligência coloca o outro como um ponto a ser trabalhado dentro da identidade individual, e no uso desta, o educador terá a capacidade de entender o educando, motivando-o, incentivando-o e dirigindo-o em um determinado objetivo.

domingo, 27 de abril de 2008

Linguagem afeta o modo como percebemos o mundo

Domingo, 27 de abril de 2008, 19h17 Atualizada às 19h17

Christine Kenneally

Diante de imagens de estranhas criaturas de argila que exibiam cabeças proeminentes e membros pontudos, alunos da Universidade Carnegie Mellon foram convidados a identificar quais eram os "alienígenas" amistosos e quais eram os hostis. Os estudantes não foram informados de que os alienígenas se enquadravam naturalmente em dois grupos, embora as diferenças fossem sutis e não muito perceptíveis. Alguns deles tinham cabeças de formato grosseiro, repletas de calombos. Outros tinham crânios mais lisos. Depois que os alunos atribuíram uma categoria a cada alienígena, foram informados quanto ao acerto de suas escolhas, e descobriram com isso que os alienígenas de cabeça lisa eram amistosos, e os demais, hostis.

O responsável pela experiência, Gary Lupyan, que está pesquisando para seu pós-doutorado na Universidade Cornell, acrescentou uma pequena informação a um dos grupos de teste. Ele informou ao grupo que participantes anteriores haviam descoberto que designar os alienígenas amistosos como "leebish" e os outros como "grecious", ou vice-versa, ajudava na tarefa.
Quando os participantes foram informados quanto ao seu índice de acertos, também o foram sobre o rótulo que se aplicava a cada grupo. Todos os participantes terminaram aprendendo como diferenciar os alienígenas, mas os grupos que utilizavam os nomes aprenderam muito mais rápido. O ator de nomear, concluiu Lupyan, nos ajuda a formar categorias mentais.

A constatação não parece surpreendente, mas alimenta um dos lados em um debate tradicional sobre a linguagem e a percepção, incluindo o pensamento que cria e nomeia grupos. Em termos simplificados, o debate quer determinar se a linguagem dá forma àquilo que percebemos, uma posição associada a Benjamin Lee Whorf, ou se nossas percepções constituem puras impressões sensoriais, imunes às maneiras arbitrárias pela qual a linguagem ordena o mundo.

As mais recentes pesquisas alteram a estrutura e talvez os termos do debate, ao sugerir que a linguagem claramente afeta certas formas de pensamento, como um equipamento especial anexado a um pacote antigo de capacitações mentais. Da mesma maneira que acrescentar recursos a uma câmera digital ou celular pode oferecer resultados inesperados e desfavoráveis, a linguagem nem sempre ajuda. Em geral, ela serve para tornar o pensamento mais eficiente. Mas também pode causar tropeços.

O tema tradicional do debate quanto a linguagem e percepção é a cor. Pesquisadores tentaram determinar se as linguagens afetam a maneira pela qual as pessoas percebem a cor. O inglês, por exemplo, distingue o verde do azul. A maioria das demais línguas não faz essa distinção. Seria possível que apenas as pessoas que falam inglês vissem essas cores como diferentes?

As investigações passadas apresentaram resultados inconclusivos. Algumas experiências sugeriam que a terminologia referente às cores influenciava as pessoas no momento da percepção. Outras sugeriam que o efeito da linguagem só era percebido depois que alguma percepção básica tivesse ocorrido. O consenso era o de que formas diferentes de rotular cores provavelmente não afetavam de maneira sistemática a percepção das cores.

No ano passado, Lara Boroditsky e colegas publicaram um estudo na Proceedings of the National Academy of Sciences demonstrando que a linguagem podia afetar de maneira significativa a rapidez com que as percepções de cor são categorizadas. Pessoas que falam russo e inglês foram convidadas a observar três blocos de cores e dizer quais dois, entre eles, eram iguais.

Os russófonos precisavam distinguir entre azul claro, ou "goluboy", e azul escuro, ou "siniy", enquanto os anglófonos não precisavam, e usavam "blue" para todos os matizes. Se fossem exibidos três blocos aos russos, dois goluboy e um siniy, ou o oposto, eles identificavam as duas cores iguais mais rápido do que em casos de três quadrados de um mesmo grupo de azul. O inglês não apresenta distinções de denominação entre diferentes azuis, e os anglófonos apresentavam resultados semelhantes com qualquer mistura de tons.
Em dois testes diferentes, os participantes foram convidados a executar uma tarefa não-verbal ao mesmo tempo em que realizavam a busca de cores semelhantes. Quando os russos executavam as duas tarefas simultaneamente, continuavam em vantagem na equiparação de cortes. Mas se a segunda tarefa fosse verbal, a vantagem começava a desaparecer. Essa desaceleração sugere que a velocidade de suas reações não resultava apenas de diferenças aprendidas, mas que a linguagem estava envolvida de maneira ativa na identificação das cores, à medida que o teste se desenrolava.

Lupyan também investigou a velocidade com que os efeitos da linguagem se fazem sentir. Em uma experiência, ele solicitou que estudantes observassem uma tela de computador na qual o número 2 aparecia uma vez e o número 5 era repetido diversas vezes, em um círculo. Em centenas de testes nos quais as posições dos dois números se alternavam, os participantes eram instruídos a "encontrar o alvo" ou "encontrar o 2".
Sempre que eles ouviam a palavra "dois", encontravam o algarismo mais rápido. E encontravam o 2 ainda mais rápido quando instruídos a "ignorar o 5", em oposição a "ignorar as distrações". Nesses casos, sugere Lupyan, a linguagem está "lubrificando o mecanismo da percepção".

Tradução: Paulo Migliacci ME

The New York Times Do site: http://www.terra.com.br/